A versão 6.0 (a mais recente) do Virtual Vision foi instalada em dois computadores do Laboratório de Informática do Centro de Educação (Lince) da UFSM. Para aprender a mexer nesta versão do software, há três semanas foram a São Paulo para fazer um curso o coordenador do Lince, Everton Weber Bocca, e a servidora da Biblioteca do Centro de Educação (CE), Fernanda Taschetto, membro da Associação de Cegos e Dificientes Visuais de Santa Maria, que é a primeira funcionária cega da UFSM. Durante o curso, Everton foi obrigado a desligar a tela do computador. Ou seja, para passar pela mesma experiência que um cego tem quando usa um computador, ele teve que se orientar apenas pela audição da leitura feita pela máquina.
“Eu levei um choque. Disse para a Fernanda: ‘Vou ficar aqui junto contigo. Qualquer coisa, tu me ajuda’”.
Fernanda, que está com 31 anos, perdeu a visão devido a uma doença degenerativa chamada retinose pigmentada. Graças ao Virtual Vision, ela também consegue trabalhar normalmente no computador. Em razão de toda a ajuda que a tecnologia proporciona aos cegos hoje em dia, ela acredita que programas de computador como esse e softwares de gravação e edição de som tendem cada vez mais a preponderar sobre o braile como a principal ferramenta de “leitura” para cegos.
“Crianças que nascem cegas precisam do braile para serem alfabetizadas. Mas nós procuramos recursos de informática porque é bem mais prático”, diz Fernanda
A dificuldade de estudo causada pela cegueira de Silvana motivou inclusive a criação em julho deste ano de um projeto especial no Lince. No projeto Áudio-Livros, todos os textos que ela precisa estudar no curso de Educação Especial são lidos em voz alta e gravados por “ledores” em arquivos de MP3. Para isso, é usado o software Audacity, um programa gratuito para gravação e edição de som, que também é usado para trabalhos em rádio e televisão. Atualmente há cerca de 40 voluntários trabalhando no projeto. Como cego, também participa do projeto um aluno do curso de Letras – Espanhol. Quem quiser participar como ledor pode entrar em contato com o Lince pelo telefone (55) 3220-8190.
No momento, o Áudio-Livros só atende a pessoas com deficiência visual. Mas a intenção é que no futuro ele possa atender a todos os alunos da UFSM que gostam de estudar “ouvindo” um livro. Por enquanto, são gravados no projeto apenas os trechos de livros que Silvana precisa para estudar. Não são gravados os livros inteiros por causa de obstáculos relacionados a direitos autorais. A página do Lince na internet (http://www.ufsm.br/lince) está sendo adaptada para que sua leitura seja facilitada para pessoas com deficiência visual.
A Biblioteca Central da UFSM também dispõe em seu acervo de 76 CDs com livros “falados”, o que dá um total de 55 obras gravadas em áudio. Na UFSM, há ainda 43 livros em braile, sendo 42 deles na Biblioteca Central e um na Biblioteca do CE.
Mas quando a tecnologia não basta por si só, Silvana afirma que sempre pode contar com o apoio das pessoas de carne e osso:
“O pessoal aqui é bem solícito. É só pedir que eles ajudam.”
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