terça-feira, agosto 25, 2009

Manuseando a informática

Com as mãos no teclado e fones no ouvido, uma turma de cegos e deficientes visuais aprende computação de graça
Trocar e-mails, navegar por sites na Internet, escrever em um editor de texto ou usar outros aplicativos de um computador. Para muitas pessoas, essas atividades já fazem parte do dia-a-dia como ferramentas de trabalho ou de lazer. Para ajudar um grupo especial de alunos a não ficar de fora desse mundo repleto de tecnologias, desde sexta-feira, ocorre um curso de computação inédito em Santa Maria. Nas aulas, cegos e deficientes visuais têm a chance de aprender informática.
Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), empresas locais e entidades, a Associação de Cegos e Deficientes Visuais (ACDV) conseguiu trazer à cidade o instrutor de informática do Senai Flávio Luís Gonçalves Ferreira, 36 anos. Ele é cego e está ministrando de graça o curso de dois meses de duração.
Segundo ele, os computadores que foram disponibilizados pelo Senai para o curso utilizam um programa chamado Virtual Vision, desenvolvido pela empresa paulista Micro Power, que funciona como um guia digital. Ferreira explica que o programa tem um sintetizador de voz em português que é acionado por comandos no teclado e consegue narrar para o usuário aquilo que aparece na tela do computador. Assim, quem não enxerga, pode ouvir as orientações para executar corretamente todas as funções.
- É um leitor de tela que lê o que vai sendo selecionado, como atalhos, links, e-mails e textos. Todas as ações são feitas no teclado. O mouse não é usado, já que não sabemos onde está o cursor - diz Ferreira, que nas aulas também conta com uma impressora que imprime em braile.
Associação quer promover uma segunda edição do curso
A vice-presidenta da ACDV, o pedagoga Clecimara Vianna, lembra que desde a fundação da associação, há três anos, tentava fechar uma parceria para poder oferecer o curso.
- Com o curso, os alunos poderão se qualificar para estarem mais preparados para o mercado de trabalho. Temos mais associados interessados e queremos fazer outra edição no segundo semestre.
- Para a gente, é o ingresso em um mundo novo. As pessoas acham que cego não é capaz, mas isso não é verdade - completa a presidenta da ACDV, Sandra de Freitas, que também é aluna do curso.
Artigo do Diário de SM em Março.21, 2007

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