Muita força de vontade. É com esse sentimento que o estudante Rodrigo Gonçalves da Silva, 23 anos, e sua avó, Silvana da Silva, 69 anos, pretendem enfrentar os obstáculos diários e chegar na UFSM. Rodrigo é cego,teve de disputar quatro vestibulares para conquistar a vaga no curso de Letras-Espanhol e, agora, enfrenta a batalha para ir à faculdade.
O jovem depende da avó para chegar até o campus e voltar para casa à noite. Apesar de estar com a saúde debilitada, Silvana não vai deixar o neto abandonar a faculdade por falta de transporte.
A partir de amanhã, ela começa a peregrinação pelo neto. Todas as manhãs, leva Rodrigo de ônibus à UFSM. Depois, volta para casa, no Parque Pinheiro Machado. À noite, ela espera o neto em uma das paradas da BR-287 para levá-lo para casa. Rodrigo sai da aula por volta das 22h.
- Nem se cogita ele desistir da faculdade. Só se eu morrer. Enquanto eu estiver aqui, Deus me ajuda a levá-lo - diz ela.
Segundo Silvana, diversas pessoas ligaram para a família oferecendo ajuda depois de conhecer a história de Rodrigo no Diário de 19 de junho. Mas ninguém conseguiu transporte que levasse o jovem para casa depois das 22h. A única ajuda durou uma semana, mas foi suspensa pela distância e pelo horário.
- Até tentaram ajudar, mas nem pagando querem levar - lamenta a avó do jovem.
Durante o período de férias, Rodrigo esteve em Porto Alegre fazendo um curso para aprender a se locomover sozinho. O jovem foi levado por uma amiga. Apesar de ainda não saber andar sozinho, e de não ter transporte para chegar em casa, Rodrigo não reclama. Ele afirma que o pior obstáculo já foi vencido.
- Não foi por falta de contato que não conseguimos o transporte. Não teve jeito porque é de noite e é lá fora, no campus. Isso dificulta, mas agora que já estou lá, o resto é detalhe - diz o jovem.
Artigo do Diário de SM em Agosto.09, 2005
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